Oruam: “Se meu pai não tem voz, eu vou fazer música para os presos”
O rapper Oruam, nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, tem se destacado no cenário musical brasileiro não apenas por seu talento, mas também por sua postura engajada e pelas mensagens que transmite em suas músicas.
Filho de Marcinho VP, um dos líderes históricos do Comando Vermelho, Oruam utiliza sua arte como forma de dar voz aos que, segundo ele, são marginalizados pela sociedade, especialmente os detentos do sistema prisional brasileiro.
Em março de 2025, Oruam publicou um vídeo em suas redes sociais onde afirmou:
"Eu falo pelos presos, eu represento os excluídos. Cadeia é lugar de ressocialização, eu canto pra tirar meu pai do crime, coisa que o estado não faz, apenas alimenta a burguesia com mentiras dos pobres. O sistema falhou 'com nós', mas nós não precisamos dele."
Essa declaração evidencia sua crítica ao sistema prisional e sua intenção de ser a voz daqueles que, segundo ele, são esquecidos pela sociedade.
A relação de Oruam com seu pai é um tema recorrente em sua trajetória artística. Durante uma apresentação no Lollapalooza, em março de 2024, o rapper usou uma camiseta com a foto de Marcinho VP e a inscrição "Liberdade", em uma clara manifestação de apoio ao pai.
Após o evento, Oruam desabafou nas redes sociais:
"Meu pai foi preso com 20 anos, quase 30 anos atrás. Há mais de 15 anos, vive trancado numa cela de 6 metros quadrados, com 2 horas de banho de sol por dia, quando é autorizado, e sem contato com nenhuma outra pessoa que não os carcereiros. [...] Meu maior sonho é ter meu pai do meu lado, e conviver com ele."
Em fevereiro de 2025, Oruam lançou seu primeiro álbum, intitulado "Liberdade". O trabalho conta com 15 faixas, incluindo a música "Lei Anti-Oruam", uma referência à proposta de lei que visa vetar músicas que fazem apologia ao crime e às drogas.
O lançamento ocorreu pouco após o rapper ter sido detido por direção perigosa, episódio que gerou controvérsias sobre possíveis estratégias de marketing envolvendo sua prisão e a divulgação do álbum.
A postura de Oruam levanta debates sobre os limites entre a liberdade de expressão artística e a apologia a atos ilícitos. Enquanto alguns veem suas manifestações como uma forma legítima de protesto e busca por justiça social, outros as interpretam como uma glorificação de figuras polêmicas e uma influência negativa para a juventude.
Independentemente das opiniões divergentes, é inegável que Oruam utiliza sua música como plataforma para expressar suas vivências pessoais e dar voz a uma parcela da população frequentemente esquecida.
